Festa nas ruas, rojões, gritaria por todos os cantos da cidade. Enquanto todos estão na torcida pelas vitórias brasileiras, os melhores amigos do homem não estão nada felizes. Quem tem cachorro em casa sabe bem o que acontece durante os jogos da seleção .
Com a audição 75 vezes mais potente do que os humanos, os pobres caninos se sentem muito mais incomodados com o barulho da festa, podendo desenvolver traumas e até doenças. Segundo a médica veterinária Cláudia Gianfrancesco, as reações podem ser das mais variadas.
“Cada cachorro reage de um jeito, mas a grande maioria fica perturbada. Alguns se escondem embaixo de algum móvel, outros não param de latir. As reações fisiológicas são as que mais preocupam, já que o aumento da freqüência cardíaca e respiratória pode ser altamente prejudicial, dependendo da idade e da doença que o cão possa ter”, explica Cláudia.
Esse é o caso de Jiló, o cão da dona de casa Sueli da Silva. O cachorro sofre de colite crônica, uma inflamação no intestino que se agrava quando o animal sofre qualquer tipo de stress. Ela conta que ao invés de assistir aos jogos do Brasil fica todo o tempo distraindo Jiló para ele não se assustar com os rojões. “Nos dias que a seleção ganha ele sofre muito, chegando até a vomitar sangue. Enquanto todos estão torcendo pelo Brasil eu fico jogando a bolinha para ele se acalmar e acabo nem vendo a partida”, conta.
Um caso ainda mais curioso é do empresário de segurança Valdeni Alves Santana. Sua cadela ficou incomodada com o barulho dos fogos de artifício e tentou pular a grade, ficando presa em uma barra de metal. “Quando vimos ela estava presa na grade do canil, com um pedaço de ferro atravessando seu corpo. Felizmente ela chegou a tempo no veterinário e sobreviveu”, disse.
Treinamento
Também adestrador de cães, Valdeni resolveu treinar seus dois cachorros para situações como essa não se repetirem. Dono de um rottweiler e um poodle, ele adestrou os dois para não se assustarem quando acontece uma queima de fogos.
“Existem vários tipos de treinamentos, eu fiz um com bombinhas. Comecei assustando com fósforos, e aos poucos fui soltando bombinhas cada vez mais fortes perto deles. Quando tentaram pegar as bombas com a boca, percebi que já estavam acostumados ao barulho. Hoje os cães não ligam para os ruídos”, comemora Valdeni.
Calmantes
Para aqueles que não têm tempo de treinar seus cães, há opções de calmantes para serem dados pouco antes das partidas. Porém, Cláudia lembra que os medicamentos devem ser receitados exclusivamente por veterinários. “Muita gente dá aos cachorros remédios humanos, o que além de não fazer efeito, às vezes pode até matar o animal. Automedicação é sempre um erro”, esclarece.
O que não fazer
Na intenção de ajudar, alguns donos acabam assustando ainda mais seus cães. Segundo a veterinária, não se deve pegar o cachorro no colo e muito menos colocar algodão nos ouvidos.
“Psicólogos caninos dizem que pegando o cão no colo você só passa mais medo a ele, o ideal é fechar o animal em um lugar tranqüilo e escuro na hora do barulho. Quanto ao algodão, ele abafa os tímpanos e pode até aumentar os ruídos, além da possibilidade de ficar preso na orelha”, conclui Cláudia.
Fonte: EPTV
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